Editorial: Celso Furtado, o intérprete do Brasil

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Completam-se hoje 100 anos do aniversário de nascimento do economista Celso Furtado, o grande pensador do Nordeste e do Brasil. Nascido a 26 de julho de 1920, em Pombal, sertão da Paraíba, morreu aos 84 anos no dia 20 de novembro de 2004, no Rio de Janeiro. Nesse momento de dificuldades em que a Nação vive, com dificuldades de implementar até políticas corriqueiras – e não se trata de criticar apenas ao atual governo -, é importante voltar os olhos às lições desse grande brasileiro.

Ele escreveu obras essenciais para o entendimento dos problemas nacionais, como os clássicos Formação Econômica do Brasil (1959) e Desenvolvimento e Subdesenvolvimento (1961), que o elevaram à categoria dos economistas com reconhecimento mundial. Furtado foi o primeiro ministro do Planejamento no Brasil – pasta criado no governo de João Goulart (1962-1964) -, quando estabeleceu o Plano Trienal, com o objetivo de sustar a inflação, retomar o crescimento e distribuir renda.

Compreendendo ser as desigualdades regionais um dos motivos que atravancavam o desenvolvimento, idealizou a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), da qual foi o primeiro superintendente. Cassado pela ditadura militar de 1964, assumiu uma cátedra na Universidade de Paris, na disciplina de Desenvolvimento Econômico. No período pós-ditadura, integrou a equipe que elaborou o plano de governo de Tancredo Neves, e serviu no governo de José Sarney, como ministro da Cultura.

Para o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), Furtado foi “o maior dos economistas brasileiros, e o mais reconhecido internacionalmente”, como escreveu por ocasião de sua morte, em artigo do jornal Valor Econômico.

Celso Furtado ainda ocupou a Cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL), em sucessão a Darcy Ribeiro, outro apaixonado pelo Brasil. Mais uma coincidência é que este mês também marca o centenário de nascimento do sociólogo Florestan Fernandes (22/7/1920-10/8/1995), uma dessas raras personalidades que forçaram um olhar para nós mesmos, para os nossos problemas e nossas potencialidades. Que o espírito desses grandes intérpretes do Brasil ilumine os que hoje têm nas mãos os destinos da nossa pátria.

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