DIEESE – Tensão Geopolítica Global pesa sobre a já difícil conjuntura do Brasil

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O mundo tem observado, perplexo e temeroso, o aumento das tensões na Ucrânia.
Sabe-se que, em um processo dessa envergadura, com tantos interesses envolvidos, a primeira coisa que é sacrificada é a verdade.
Fato é que essa crise na Ucrânia está afetando o desempenho da economia mundial, que
já não era nada promissor antes mesmo do surgimento do conflito. As frentes de crise econômica são variadas. Espera-se, por exemplo, um movimento de elevação dos juros estadunidenses, ainda para março, e alguns indicadores sinalizam desaceleração da economia chinesa. Se os juros nos EUA se elevarem, será a reversão de uma política do seu banco central (o Federal Reserve) de quase uma década de juros muito baixos, tentando reanimar uma economia em crise estrutural.
Além disso, existe o risco do surgimento de novas cepas do vírus da Covid-19 e de piora da
pandemia. A possibilidade de guerra na Ucrânia, por si só, já afeta o crescimento e o emprego,porque os governos, principalmente dos países da Europa, temem uma deterioração geral do quadro econômico. Um dos aspectos centrais do problema é a possibilidade de interrupção, mesmo que parcial, do fornecimento de gás por parte da Rússia, o que inevitavelmente afetará os preços da energia e a inflação em geral. A tensão na Ucrânia se desenrola em um momento em que a maioria das grandes economias vem sendo afetada pela elevação da inflação. A Ucrânia, além de ser um grande produtor de milho e trigo, serve também como passagem para transporte de óleo e gás. Um indesejável confronto na Ucrânia, por outro lado, poderia favorecer grandes produtores de commodities
fora da Europa, como Argentina e Brasil.
A crise no contexto da economia brasileira
No Brasil, o governo insiste numa política neoliberal ultrapassada, que manterá a economia estagnada, com todas as suas nefastas consequências, especialmente o aumento do
desemprego e a expansão da fome e da pobreza. Os números falam por si: no período de 2019 a 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentará um crescimento médio de 0,5% ao ano (se se confirmar o crescimento estimado pelo Banco Central de 0,3% para 2022.) Esse desempenho só será melhor do que o verificado no período do governo Temer, entre 2016 e 2018, em que a economia recuou 0,13% ao ano, em média.

Sob a ótica de desenvolvimento, a política econômica do atual governo é extremamente
ineficaz e praticamente se limita a vender patrimônio público. Não há um esforço em aumentar investimentos públicos e privados (a taxa de investimento no período 2018-2020 foi de 15,6%, muito abaixo do período 2010-2014, que teve uma taxa de 20,5%, é também inferior a maioria dos países em 2020 e 2021), para recuperar o crescimento e a geração de empregos. O país precisa de uma reforma tributária, que aumente a cobrança de impostos dos mais ricos, como dos bancos, cujos lucros líquidos se elevaram quase 30% em 2021, em relação ao ano anterior, quando já tinham crescido bem acima do restante da economia.

A venda das estatais a preço irrisórios, a desnacionalização da economia, a destruição do
mercado consumidor interno com o aumento do desemprego e da miséria, a erosão dos direitos trabalhistas, ou seja, essa política neoliberal fora de moda do governo Bolsonaro e de seu ministro Paulo Guedes, está levando o país a um verdadeiro “beco sem saída”. Ao mesmo tempo em que garante privilégios ao grande capital, segundo estudo da Unafisco Nacional (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), divulgado no início do ano passado, a estimativa é de que o governo federal tenha concedido R$ 456,6 bilhões em benefícios tributários às grandes empresas, em 2021. A cifra do estudo inclui isenção na taxação de lucros (R$ 58,9 bilhões), não implantação do imposto
sobre as grandes fortunas (R$ 58 bilhões) e o programa Refis (R$ 22 bilhões), o governo vem encaminhando a reforma administrativa, cortando salários e empregos dos/as servidores/as públicos/as. E no socorro às tragédias Na Bahia e em Minas Gerais em razão das graves enchentes, no final de 2021 e começo de 2022, acenou com um auxílio

total às vítimas de apenas R$ 50 milhões, sendo que até o final de dezembro, nos dois estados, já havia mais de 100.000 desabrigados/as.

Confira Boletim na íntegra aqui

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