Como esperado, fundos tiveram um 2021 difícil

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20 de outubro de 2022

O ano de 2021 foi muito difícil para os fundos de pensão, sobretudo o segundo semestre, quando os indicadores econômicos foram “péssimos”, e os resultados foram apresentados agora no Relatório de Estabilidade da Previdência Complementar da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Para Luiz Felippe Fonseca Jr, sócio-diretor da EST Seguridade, apesar de o relatório ter saído um pouco atrasado (setembro de 2022), é interessante olhar o retrovisor e ver que talvez o que o setor esperava que ocorresse no primeiro semestre de 2020, logo que a pandemia deu o ar da graça, aconteceu de fato no segundo semestre de 2021.

“Em 2020, foi uma loucura em março e abril, não sabíamos o que aconteceria. Mas houve uma recuperação da economia no segundo semestre daquele ano, tendência que prevaleceu até o final do primeiro semestre de 2021, quando alguns fatores começaram a impactar nossa economia negativamente. A conjuntura mundial, uma segunda onda de covid, a inflação que veio forte no mundo inteiro e no Brasil, depois a guerra da Rússia com a Ucrânia…”, afirma Luiz Felippe Fonseca. Ele explica que com a inflação, que no Brasil foi (e está sendo) mais acelerada, os governos começaram a ter que aumentar a taxa de juros, impactando os resultados dos fundos de pensão no segundo semestre do ano passado.

Por quê? Porque quando o governo [pensando no governo brasileiro] aumenta a taxa de juros, ele tira os recursos dos investidores de outros setores, de outros segmentos, por exemplo, da bolsa de valores. Então você tem rentabilidades negativas na renda variável, porque todo mundo corre com dinheiro para renda fixa, título novo do governo, com prazo curto e pagando bem. ‘Para que eu vou deixar meu dinheiro esperando?’.” Mas ele lembra que não se pode apenas olhar para a conjuntura brasileira.

Nos Estados Unidos, por exemplo, o FED, o banco central norte-americano, também elevou a taxa de juro dos títulos dele, mesmo que tenha sido uma elevação menor do que a ocorrida aqui. “No entanto, quando o governo americano diz que está pagando melhor num título, o dinheiro mundial corre para lá, né? Então a gente viu uma saída de recurso dos investidores do Brasil”, salienta.

Para voltar à nossa realidade, quando o governo passa a pagar bem nos títulos públicos para captar recursos no curto prazo, pagando bem taxas altas de títulos, no longo prazo os títulos já existentes passam a valer passam a valer menos. “Então o que a gente teve no segundo semestre de 2001? Rentabilidade negativa na renda variável porque os recursos foram para renda fixa e rentabilidade negativa na renda fixa, porque aqueles títulos mais antigos que já estavam na carteira, passaram a valer menos do que os títulos que o governo estava lançando. Então foi um horror, né?”, diz Luiz Felippe Fonseca, da EST Seguridade.

Mas é preciso avançar no que está apresentado no relatório da Previc e refletir sobre 2022, cujo primeiro semestre ainda foi ruim, embora haja certa recuperação nos últimos meses. “Mas alguns fundos de pensão, se analisados individualmente, tiveram ainda resultados muito aquém das suas metas atuariais. No caso dos planos de benefício definido, os planos BD, a meta de rentabilidade, chamada de meta atuarial, é a inflação mais uma determinada taxa de juros. Com a inflação muito alta, ninguém consegue atingir os seus objetivos de rentabilidade.” Luiz Felippe afirma que há certa expectativa de melhora para 2022, mas não o suficiente para equilibrar o resultado negativo de 2021, embora o relatório da Previc mostre que o sistema fechado de previdência complementar continua pagando seus benefícios, mesmo aqueles planos que tiveram problemas graves de déficit.

 

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