O contexto da pandemia colocou uma nova lente na economia, mostrando segmentos e instituições com papel fundamental. A área da saúde tornou-se indiscutível, com a necessidade de investimentos imprescindíveis. Em outra ponta, ficou o crédito. Embora,
assim como na área de saúde, o oxigênio financeiro também tenha demorado a chegar, o papel dos agentes públicos para apoiar as empresas e garantir uma sobrevivência mínima
tem sido fundamental nesse contexto.
O Banco do Nordeste, com seus 69 anos, tem dado mais uma vez uma prova da sua relevância. Em meio a todas as dificuldades, alcançou recordes em aplicações de recursos na região. No primeiro semestre deste ano, conforme os balanços apresentados pela instituição, contratou R$ 20,38 bilhões, valor correspondente a 2,6 milhões de operações de crédito.
O mais importante: os recursos foram aplicados de forma descentralizada. A
área rural ficou com uma participação de 37,4% (R$ 5,07 bilhões); a infraestrutura,
com 34,9% (R$ 4,74 bilhões); o comércio, com 10,1% (R$ 1,4 bilhão); os serviços,
com 9,4% (R$ 1,3 bilhão); e a indústria, com 8,2% (R$ 1,1 bilhão).
O banco também reforçou a sua vocação na área de microfinanças neste período, disponibilizando recursos para pequenos negócios. Somente o Crediamigo aplicou R$ 6,44 bilhões, relativosa 2,2 milhões de operações de crédito.
Isso representou um crescimento de 30,06% em comparação ao realizado nos seis primeiros meses de 2020. Diferentemente de muitas instituições que se fecharam diante da elevação do risco para os pequenos negócios, a carteira do Crediamigo cresceu em
R$ 860 milhões, registrando aumento de 15,8%. Ou seja: os recursos chegaram para mais pessoas que precisavam de dinheiro para se manter.
Assim, o BNB oferece uma grande lição ao segmento financeiro, conseguindo um resultado positivo, com elevação de 113,6% no lucro acumulado no período (chegou a R$ 710,4 milhões), e alcançando pessoas colocadas à margem dos bancos. Esse é o ponto central
que diferencia uma instituição criada para ser um braço do desenvolvimento
da economia de outras cujo objetivo é restrito ao ganho fi nanceiro. Os quatro
maiores bancos do País tiveram aumento de 64 % no lucro, com resultados
bilionários, mas há uma defi ciência na aplicação do crédito no País. As empresas ainda têm difi culdade de conseguir recursos e pagam caro por isso.
No caso do BNB, o Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) é essencial para a manutenção das estratégias de desenvolvimento regional. Porém, a recente proposta sugerida pelo governo federal, através da Medida Provisória 1052/21, de aproximar as taxas dos fundos constitucionais às do mercado, representa o enfraquecimento da instituição e prejuízos às possibilidades de melhora na economia regional. Instituições como o BNB ajudam a suprir deficiências do mercado, devendo, assim, ser blindadas para minimizar as ingerências políticas e preservar seus
principais instrumentos.
