Prevaricação também é crime de responsabilidade, diz integrante da CPI

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Humberto Costa (PT-PE) contraria o presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que crime de prevaricação não se aplicaria a ele, mas apenas a servidores públicos

“Cerco está se fechando sobre Bolsonaro e seu governo”, disse o senador Humberto Costa (PT-PE)

São Paulo – Para o senador Humberto Costa (PT-PE), integrante da CPI da Covid, a suposta omissão de Jair Bolsonaro diante das denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a covid-19 configura crime de responsabilidade. Bolsonaro chegou a afirmar, nesta segunda-feira (12), que o crime de prevaricação se aplicaria a servidores públicos, mas não a ele. O senador discorda, e diz que o caso, se confirmado, pode servir como mais um motivo para o impeachment do presidente.

De acordo com o parlamentar, o quase silêncio de Bolsonaro indica que as denúncias apresentadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) são verdadeiras. Após quebrar o silêncio, a cada dia o presidente apresenta uma nova versão sobre o ocorrido. Ele afirmou ainda que a Polícia Federal tem condições de aprofundar as investigações da CPI sobre o caso.

“O cerco está se fechando sobre Bolsonaro e seu governo. E numa atitude de desespero, ele vai mudando a cada dia a sua versão sobre os fatos”, disse Humberto a Marilu Cabañas, em entrevista ao Jornal Brasil Atual, nesta terça-feira (13).

Num primeiro momento, o governo alegou que as invoices (espécie de nota fiscal) da compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin haviam sido adulteradas. Depois, Bolsonaro chegou a afirmar que teria acionado o general Eduardo Pazuello, então ministro da Saúde, para investigar as supostas irregularidades. Mas recentemente, o presidente disse que “não tem como saber” tudo que se passa nos ministérios, praticamente confessando sua omissão.

Próximos depoimentos

Humberto afirmou que são pequenas suas expectativas para o depoimento da diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, nesta terça. Ela obteve habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) garantindo o direito de permanecer em silêncio perante a comissão. Por outro lado, o parlamentar disse não acreditar na justificativa apresentada à CPI pelo reverendo Amilton Gomes de Paula para adiar o seu depoimento, marcado para amanhã (14). Após alegar sofrer de uma crise renal, o reverendo deverá passar por perícia na junta médica do Senado.

“Tenho uma impressão muito grande de que ele ocupou papel muito significativo nessa tentativa de roubar dinheiro público. Como ele tem aproximação com a primeira-dama, pode acontecer de, em algum momento, ele pedir algum favor ou alguma coisa que não seja interpretado por ela como um ato para concretizar uma ilicitude”, disse o senador.

De acordo com a revista Veja, o policial Luiz Paulo Dominguetti citou o envolvimento da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, em negociações suspeitas para a compra de vacinas. E Amilton teria facilitado sua aproximação com o Palácio do Planalto. “Michelle está no circuito agora. Junto ao reverendo. Misericórdia”, disse Dominguetti, em mensagens apreendidas no seu celular.

Assista à entrevista

Redação: Tiago Pereira – Edição: Helder Lima

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